“Os alunos desenvolvem ideias e projetos criativos com sentido no contexto a que dizem respeito, recorrendo à imaginação, inventividade, desenvoltura e flexibilidade e estão dispostos a assumir riscos para imaginar além do conhecimento existente, com o objetivo de promover a criatividade e a inovação.”
(In M.E., 2017, Perfil dos Alunos para o Século XXI, p.22)
A criatividade é uma capacidade inata no indivíduo, que tende a manter-se, desenvolver-se ou anular-se consoante as suas experiências ao longo da vida.
Quem trabalha com crianças pequenas sabe o quão natural são belíssimas pinturas em que as cores se misturam e dão outra intensidade à realidade retratada: cavalos azuis, copas de árvore vermelhas, nuvens roxas… Ou como se inventam brincadeiras riquíssimas, com ou sem materiais; diálogos imaginários; problemas que se resolvem… e no topo da comicidade, fórmulas criativas para fugir a algumas responsabilidades.
Esta capacidade de extrapolar para lá do real, de ousar fazer diferente, de não ficar preso ao padronizado vai-se, na generalidade, perdendo nas malhas do crescimento e poucos de nós, adultos, conseguimos não pensar perante o cavalo azul de uma criança “Ah, mas os cavalos não são azuis!”. Ainda que não verbalizemos; ainda que logo de seguida pensemos na criatividade e nos grandes artistas!
Por alguma forma precisamos de contrariar esta visão tecnicista e adotar a educação para a criatividade e a imaginação. Competências diretamente relacionadas com a sobrevivência humana, passada e futura.
No passado, porque nos permitiram sobreviver e evoluir até aos dias de hoje; no futuro, que ainda não sabemos como vai ser, porque nos vão permitir, em contexto real, criar soluções para responder a desafios, na teoria e na prática: pensar e fazer acontecer!
Desta feita, assumindo a criatividade – entre outras – como competência para o século XXI, é necessário que se alterem os paradigmas de ação e se levem as crianças e os jovens – e nós adultos também – a treinar esta aptidão, mantendo-a desperta ao longo da vida.
Talvez seja este o grande desafio: começarmos por nós adultos, modelos de crianças e jovens, a “acordar e alimentar” esta competência em nós, introduzindo uma verdadeira Inovação nos contextos educativos, que pode ser a chave para um futuro incerto, mas com cidadãos competentes, interventivos, flexíveis e muito criativos que lhe farão face.
E que bonitas ficam as copas vermelhas!!